ASPECTOS DA LITERATURA DE MATO GROSSO


Longe, em ruínas, a torre secular,
isolada entrte as árvores, levanta
o seu perfil, em cismas dolorosas...

Olha à distância, espia
a ver que crente vem para rezar
a oração derradeira ao fim do dia...
Despetalam-se rosas...
uma cigarra ao longe canta...

Cai sobre a terra saudade roxa...
Um silêncio de seda!
E a luz vai a fugir... é frouxa... é frouxa...
debatendo-se aos troncos da alameda...

Ó silêncio da tarde que me exortas!...
Ó Silêncio..., (p. 152)
... amigo das igrejas mortas...
das alcovas esquecidas,
onde a Saudade vai ouvir chorando
os beijos que morreram soluçando,
as palavras perdidas,
que caladas morreram no silêncio...

Amo-te, Hora, em que o Ângelus dolente,
na luz crepuscular,
chora saudades brancas pelo Ar!...
Ó misticismo azul do Pôr-do-sol!...
Ó Pedraria viva do Arrebol!...
Ó Quadro Simbolista do Poente!...

Havia algo de afinidade entre as vidas de Leônidas e Guimarães Passos.
Luis Murato, prefaciando um livro de Guimarães Passos, escreveu: “Contam os biógrafos de Schiller que no momento preciso em que o grande poeta ia ser enterrado, chovia copiosamente. De baixo de grossas nuvens carregavam o féretro sagrado. Quando porém, depuseram o caixão na cova, as nuvens se abriram repentinamente, a lua apareceu e um doce raio aclarou a tumba do poeta.” (sem indicações bibliográficas)
E assim também um raio da nossa saudade vai aclarar a tumba de Leônidas de Matos, o antigo baluarte do Grêmio Álvares de Azevedo.”
Depois, ainda outros parnasianos tomam assento na constelação da rima - Alyrio de Figueiredo e U- (p. 153) lisses {Ulisses}Cuiabano, cantores primorosos e artistas de lavores adamantinos.
Leônidas de Matos e Oscarino Ramos foram os poetas que de modo acentuado mais influenciaram o meu espírito.
Oscarino é simbolista, tal como Mário Pederneiras, cujo ritmo brilha como facetas de diamante. Vejamo-lo cantar...:

 

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