ASPECTOS DA LITERATURA DE MATO GROSSO
SAUDADE
Pelo céu passam pássaros tardios...
A noite vem!
Para senti-la assim, eu subo
A este mirante, solitário, triste -
(Oh! Esta dor de ver uma tarde morrer!)
Noite e ao longe clareia...
Clareia... clareia...
Como uma grande Flor de Angústia,
Redonda e grande a lua sobe
(Pobre romântica desencantada
Que há tantas noites procuras
Os boêmios trovadores!) (p. 154)
E, sob a noite clara, a cidade aparece
Quieta, sepulcral.
Dormem
As velhas palmeiras
A torre da Sé
Ninguém.
Só tu, lua, como uma grande lâmpada
Acompanhas-me nesta vigília
De tormentos profundos
De onde nasce, cresce e me sucumbe
Esta grande Saudade
De alguém.
Quando, vai pouco tempo, andei pelo norte do país, em uma livraria
de Aracaju adquiri um volume com o título A arte de ser breve. Ainda
que breve, me permitirão que alinhe mais nomes - Franklin Casiano,
Tolentino de Almeida, José Raul Vilá e Pedro Trouy. Não
podendo ser olvidados outros nomes como Euclides Mota, o vigoroso representante
da geração que ora surge.
É de sua lavra o soneto que passo a ler, onde se percebe grande influência
de Cruz e Souza: (p. 155)
RIDI PAGLIACCIO
Em doidas gargalhadas de cristal,
no picadeiro o clown entreabre a boca,
no histerismo da idéia vã e louca
de esquecer a amargura de seu mal.
Ri, Palhaço infeliz, dessa infernal
febre que te definha pouco a pouco,
mergulha tua dor nessa voz rouca,
nos aplausos da turba vil, boçal...
Não me ilude esse riso alvar que ostentas
pois, ris com lágrimas no triste olhar,
soluços nas risadas mortas, lentas,
clown na pista da vida e da ilusão
sou e rio com ânsia de chorar...
- Ride Palhaço do meu coração!!!
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