O Governo do Estado fechou um calendário de negociação com a comunidade acadêmica da Universidade de Mato Grosso (Unemat) para chegar a um consenso em torno da pauta de reivindicações de professores, técnicos administrativos e alunos da instituição. No dia 26 de abril, a comunidade da Unemat apresentará ao Executivo a proposta final da pauta. De 27 de abril a 4 de maio, o governo analisa os pedidos. Já no dia 5, haverá uma nova reunião com o governador Blairo Maggi para a finalização das negociações.
Este é o desfecho de um processo de conversação entre a universidade e o Executivo, que vem se desenrolando desde novembro do ano passado. A comunidade acadêmica procura, sobretudo, implantar os Planos de Cargos, Carreiras e Salários de docentes e técnicos administrativos, melhorar a assistência estudantil e a estrutura operacional da Unemat.
O calendário de negociação foi anunciado pelo secretário de Ciência e Tecnologia, Chico Daltro, na reunião da Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura e Desporto da Assembléia Legislativa. Os deputados que integram a Comissão ouviram o secretário Chico Daltro e também servidores da Universidade. Mas para ampliar a participação da Unemat no debate dentro do Legislativo, a comissão formalizou um requerimento que convoca a instituição para maiores esclarecimentos na próxima reunião a se realizar dia 23 de abril, às 15h.
O deputado Alexandre Cesar (PT) membro da Comissão de Educação frisou que um avanço obtido foi o agendamento do Congresso Universitário da Unemat para o mês de julho. “O Congresso é um anseio da sociedade mato-grossense para pensar no futuro da Universidade, que cresceu sem planejamento. O governador também se comprometeu em rever o financiamento da instituição, hoje prejudicado pelo vínculo com o ICMS. O ideal é que o orçamento da Universidade esteja ligado à receita corrente líquida do Estado”, disse Alexandre.
Segundo o secretário Chico Daltro, a negociação com o governo busca fortalecer a Unemat e reforçar o acesso ao ensino superior com qualidade. “O debate em torno das questões orçamentárias, funcionais, organizacionais e estruturais vão se ampliar no Congresso de julho”, esclareceu o chefe da pasta.
Unemat carece de planejamento
Na reunião da Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura e Desporto, o pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento Institucional da Unemat, Vitérico Maluf, falou sobre as dificuldades vividas pela comunidade acadêmica. Ele frisou que o custo/aluno da Unemat está muito aquém de todas as outras Universidades Estaduais e Federais do País. Enquanto o custo/aluno das outras instituições do Brasil fica em torno de R$1.200 ao mês, na Universidade de Mato Grosso, o este custo cai para R$ 400.
Vitérico disse que a maior clientela da Unemat é de estudantes de renda familiar baixa e que o salário dos docentes é o pior piso praticado entre os profissionais do ensino superior. “É preciso repensar, reformular no Congresso Universitário para quê ela veio? Onde ela vai e onde quer chegar?”, ponderou. Conforme o pró-reitor, há dez anos a Unemat contava com 32 cursos e hoje há 76 no Estado inteiro, o que reforça a necessidade de mais laboratórios, equipamentos e estrutura.
A presidente da Associação dos Docentes da Unemat (Adunemat), Maria Ivonete de Souza, deixou bem claro que dia 5 é realmente a data final para entrar em qualquer acordo com o governo. “Não vamos aceitar nova discussão, nem tampouco a implantação do PCCS por partes”, avisou.
Breve histórico
A negociação entre a Unemat e o governo do Estado em torno das reivindicações da comunidade acadêmica, foi iniciada no ano passado. A intenção era de uma iminente greve, mas o deputado estadual Alexandre Cesar (PT) interveio, realizando uma audiência pública para discutir os problemas da instituição. A partir daí, foi formada uma comissão Pró-Unemat para formalizar propostas ao governo. A comissão se dividiu em cinco subcomissões com integrantes da comunidade acadêmica, membros do Executivo e da Assembléia Legislativa.
O resultado do trabalho da comissão Pró-Unemat foi entregue ao então secretário de Fazenda Valdir Teis em 23 de novembro. O secretário pediu 120 dias de prazo para dar uma resposta, expirados recentemente. Agora a data para o acordo final está marcada para o dia 5 de maio.
Fonte: ANDREA GODOY http://www.al.mt.gov.br/v2008/ViewConteudo.asp?no_codigo=19161 |