História da Literatura de Mato Grosso, século XX

Walnice Vilalva

Em busca da literatura mato-grossense é esse o título do primeiro capítulo da História da Literatura de Mato Grosso, século XX, publicada por Hilda Gomes Dutra Magalhães, em 2001. Nada mais pertinente para se começar qualquer discussão sobre a literatura produzida em Mato Grosso, considerando a laboriosa busca por essa literatura publicada seja nos séculos XVIII, XIX e início do século XX.
O panorama apresentado pela autora esboça um mapeamento da produção literária mato-grossense do século XX. Assim estão distribuídos os capítulos Em busca da literatura mato-grossense; Estudos preliminares; O clássico e o moderno: décadas de 1930 e 1940; Dialogando com a estética de 50 e 60; Nas trilhas da contemporaneidade: anos 70 a 90.
No primeiro capítulo são apresentados, brevemente, os trabalhos de dois autores, Rubens de Mendonça e Lenine Póvoas, como as primeiras compilações da produção literária; o primeiro em 1970 e o segundo em 1980. Hilda Gomes parece propor, nesse capítulo, uma breve discussão sobre autores elencados por esses dois estudiosos, como também a periodização proposta por cada um. A visão de Rubens de Mendonça e Lenine Póvoas merece atenção diante dos critérios de avaliação e periodização das obras publicadas neste estado, até primeira metade do século XX. A referida autora assim conclui o capítulo:
Como se pode constatar, merece destaque, ns dois livros expostos, o trabalho de compilação de nomes levado a termo pelos pesquisadores, considerando que muitos escritores arrolados não tem obras publicadas e só nos chegam ao conhecimento graças aos registros de Rubens de Mendonça e Lenine Povoas. Entretanto, a produção literária mato-grossense do período colonial e do inicio do século xx não comporta, sem prejuízos para o próprio entendimento da arte literária em Mato Grosso, classificação tão estanque quanto a pretendida pelos escritores citados. A verdade é que conviveram , no século XX, poetas de várias tendências (...), o que acaba colcocando em xeque a metodologia utilizada por Rubens de Mendonça e Lenine Póvoas (...) (p.28)

Na seqüência do capítulo, Estudos preliminares, o teatro de Mato Grosso ( séculos XVIII e XIX) é abordado como tendo início com a descoberta do ouro na região. A fonte não citada para esta afirmação é a existência de apontamentos de cronistas. Observa a autora que esse processo histórico se inicia na fase em que Mato Grosso ainda pertencia à Capitania de São de Paulo, 1718. Decorridos trinta anos, a partir de 1718 é que passa ser criada, a Capitania de Mato Grosso. A ação dos bandeirantes, distantes da metrópole (seis a oito meses), determina um contexto contraditório, a riqueza proporcionada pelo ouro e a carestia, as doenças, os conflitos com os índios, a alta política fiscal, implantada pelo Governador de São Paulo, iniciou o processo de decadência da mineração, ocasionando a debandada de muitos moradores da vila. É nesse cenário contraditório e enfrentando conflitos econômicos e sociais que o teatro ganha expressividade. Entretanto, salvaguardando essas informações históricas importantes, a autora não cita nomes nem títulos de peças produzidas antes do Governo de Luiz de Albuquerque. Não há nesse capítulo fragmentos de peças que foram encenadas. Apenas ficamos conhecendo algumas das representadas em 1790, no aniversário do ouvidor de Cuiabá. São elas: Aspázia na Síria, Irene perseguida e triunfante, Saloio cidadão, Zenóbia do Oriente, Dona Inês de Castro, Amor e obrigação, Conde de Alargos, Tamerlão Zaíra, O tutor enamorado, Ésio em Roma, Focas Sganarelos. Também não ficamos sabendo se essas peças portuguesas sofriam qualquer alteração, adaptação.
Para discutir o teatro em Mato Grosso, a autora traz como referência de leitura o historiador Firmo José Rodrigues, Francisco Ferreira Mendes, Joaquim da Costa Siqueira, Francis Castenau, Lenine Póvoas. , Carlos Francisco Moura.

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