A poesia mato-grossense na historiografia de Rubens de Mendonça.

Do Simbolismo o historiador passa para o Pré-modernismo, iniciando com a figura do poeta Carlos Vandoni de Barros. Notamos com ele, a presença de uma linguagem mais regionalista e indianista, tal como em “fervilha o cururu no rancho de acuri” ou no verso “viola de ximbuva e tripas de bugio”. Trata-se de um modernista que nos remete ao Modernismo da redescoberta do Brasil.
Um dos poetas mais importante dessa fase, para Rubens de Mendonça, foi Cavalcanti Proença. É com intimidade que o historiador se refere ao poeta, como “Maneco” Proença. Dos modernistas destaca ainda a figura de Hélio Serejo e de Lobivar Matos. O primeiro foi considerado como o poeta do sertão, “cantor dos Sertões do Oeste”. Já o segundo é o poeta da geração da Primeira Guerra Mundial, poeta de inspiração revolucionária e com forte traço regionalista.
Rubens de Mendonça comenta a divisão de diferentes gerações de escritores após a Primeira Guerra Mundial. A poesia de Lobivar Matos representa um salto qualitativo na literatura mato-grossense se considerada a poética tardia de seus românticos, parnasianos e simbolistas. Seus versos nos fazem recordar Essa negra fulô de Jorge de Lima, ao sabor do regionalismo modernista.
Da revista modernista Pindorama, Rubens de Mendonça destaca Henrique Rodrigues do Vale, poeta de versos breves, e Rubens de Castro, que dirigiu o jornal literário Ganga com João Antonio Neto e Agenor Ferreira Leão.
Sobre si mesmo, na qualidade de poeta, o historiador Rubens de Mendonça se auto-afirma enquanto poeta moderno, participante ativo do grupo de Pindorama que ele mesmo define como o “grito de revolta contra o academismo”. Segundo o historiador, a proposta se justifica diante do atraso literário do Estado que:

“anos depois de Marineti haver lançado seu manifesto modernista e Graça Aranha tentar a reforma na Academia Brasileira de Letras, em Mato Grosso estávamos no período romântico” (p. 171).

Rubens de Mendonça, juntamente com Gervásio Leite, pretendeu a modernização das Letras mato-grossenses, expressando-se por meio do grupo modernista de Pindorama.

“De um lado, a rotina, a desmoralização, a pasmaceira, a agonia. Na outra margem, os espíritos sedentos de novidade, a vida, o movimento, a energia. Sempre duas gerações que se combatem, que se mutilam, que se destroem.
Nunca num mesmo plano, o velho e o moço compareceram para discutir seus problemas. Sempre a intolerância”( p. 171).

Malgrado a frustração do grupo, articularam o Movimento Graça Aranha, cujo manifesto visava:

“acima de tudo, possibilitar as nossas realizações artísticas o lugar que merece dentro da Terra brasileira. Levar à Nação a nossa mensagem feita de crença nas coisas do espírito, de solidariedade e de compreensão. Queremos transmitir à inteligência mato-grossense esse dinamismo criador que sacode todo o País na hora decisiva em que vivemos”( 172).

Novamente, o grupo de Rubens de Mendonça não obteve a repercussão e o fervilhar de discussões pelas quais esperava. A única personalidade que respondeu ao manifesto foi o jornalista Arquimedes Pereira Lima que escreveu um artigo exigindo o fim das Academias e de Centros literários.
É de forma crítica que Rubens de Mendonça comenta seu trabalho e, apesar de citar todas suas publicações, não transcreve nenhum poema, conforme ele mesmo afirma: “não transcrevo nenhum trabalho de minha autoria. Apenas registro as obras que publiquei, para com isso provar que a minha geração fez alguma coisa para o Estado”.
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