Em 1878, Pedro Torquato Leite e sua família, vindos de Cuiabá, fixaram-se junto à barra do Rio Bugres. Deu-se inicio a exploração econômica de uma variedade de planta por nome poaia, cujas raízes possuíam alto valor medicinal, fator importante que mais tarde, gerou atração de migrantes ao município de Tangará da Serra (WEBER, 2009). Em 1913, na abertura das rodovias que sobe os chapadões dos Parecis, o Marechal Cândido Rondon implantou o telégrafo na região, auxiliado pelos índios Nhambiquaras e Paresí, primeiros habitantes da “Serra Tapirapuã”. O lugar onde está atualmente o município de Tangará da Serra, já foi ponto de passagem de históricas expedições. De acordo com informações dos índios Paresí, a sede municipal abrigava um barracão de seringueiros.
Em 1954, chegaram os extrativistas, atraídos pelas grandes propriedades medicinais da Poaia, que encobria as encostas da Chapada dos Parecis, onde os tributários do Rio Paraguai tem suas nascentes. Logo após, chegaram os madeireiros, derrubando as matas da região a fim de dar lugar aos colonos que derrubariam o cerrado para dar início a agropecuária, base forte da economia tangaraense.
Diante do incentivo do Estado, oportunizando as “terras devolutas” para a colonização, o planalto do Tapirapuã passa a ser quadriculado com a implantação da colonizadora. A partir do loteamento das glebas Santa Fé, Esmeralda e Juntinho, pertencentes a Júlio Martinez Benevides, Fábio Lissere, Joaquim Oléa e Joaquim Aderaldo de Souza, em 1959 se deu o povoamento efetivo e duradouro.
Por ocasião da imigração japonesa ao Brasil, através de um acordo Brasil- Japão, uma vasta área de terras foi requerida por Kimoto Fugissawa e outros, que compreendia entre o Rio Sepotuba e a Serra de Tapirapuã ou Bocaiuval, no município de Barra do Bugres, território esse que consta como a planta inicial do Município de Tangará da Serra. Tal área era dividida em 25 glebas, cada uma destinada a uma família japonesa, com exceção de alguns brasileiros (WEBER, 2009). As terras decorrentes da tentativa frustrada da colonização japonesa formaram a colonizadora SITA - Sociedade Imobiliária de Tupã para a Agricultura Ltda. Esta empresa visava a implantação de uma agropecuária (FERREIRA, 2001).
O projeto de colonização rural de Tangará da Serra foi realizado a partir da identificação do espaço urbano, destacados 82 alqueires e 13.600 metros da Gleba Santa Fé. Depois de 1980, o município recebeu o segundo fluxo de imigrantes, vindos dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Este novo fluxo migratório gerou a ocupação dos espaços situados na região da Chapada dos Parecis, grande expoente do planalto brasileiro. O cerrado do chapadão transformou-se em grandes lavouras de monocultura expandindo a cidade, reconfigurando o espaço urbano e mantendo algumas marcas do projeto inicial da década de 1960, realizado pelo arquiteto Américo Carnevali (OLIVEIRA, 2002).
Nas décadas de 70 e 80, na época da criação da maioria dos municípios mato-grossenses e da abertura de vastas fazendas que impulsionaram o progresso e a ocupação definitiva das terras dos Parecis. O município, como outros da região, viveu ciclos importantes da economia nacional, onde a lavoura cafeeira teve sua importância no desenvolvimento, além do milho, arroz e por fim da soja, à qual se proliferou pela região e tornou-se, anos mais tarde, participante mundial de produção e exportação do cereal (WEBER, 2009).
O município recebeu o nome de Tangará, pássaro de cores bem definidas, de cabeça encarnada e de canto muito belo. O termo "da Serra" foi adotado para diferenciar o município mato-grossense dos homônimos potiguar e catarinense. Com a denominação, os fundadores da colonização demonstraram a potencialidade do futuro município.
A Lei Estadual nº. 2.906, de 6 de janeiro de 1969, criou o distrito de Tangará, no município de Barra do Bugres. O município foi criado a 13 de maio de 1976, através da Lei Estadual nº. 3.687, com o nome de Tangará da Serra. O município possui uma área total de 11.391,314 Km², sendo 51% área indígena pertencente ao povo Paresí.
1.01 História