Nessa linhagem
de influências, Mato Grosso esteve vinculado, no século
XIX, às manifestações da Corte carioca, desenvolvendo
intensa atividade, mesmo que reconstruindo sentidos de fora. No entanto,
algumas fendas já começavam a se abrir para por elas vazar
iniciativas pioneiras que, hoje, fazem parte de uma história
própria. A exemplo, o Grêmio Feminino Júlia Lopes,
dentre outras iniciativas do gênero que contribuíram com
a difusão de novos pensamentos, e de várias Revistas que
marcaram a participação do Estado no processo de formação
da língua e da literatura nacionais.
De todos os embriões culturais do Estado, ficaram duas instituições
que persistem até hoje: a Academia Mato-grossense de Letras e
o Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, este
ramificado no interior do Estado, desde 2002, mantendo acervos e pesquisas
que permitem o diálogo com traços do passado, sem perder
de vista as diferenças regionais.
São germes que culminaram com a criação das universidades
e que proliferaram em todos os cantos, tanto do velho como do novo Mato
Grosso, para trazer aqui uma perspectiva do jornalista Onofre Ribeiro.
Dois pólos que se unem no “entrelugar” de novas origens.
Nesse espaço de representação, em que sempre esteve
pouco privilegiada a história cultural do interior do Estado,
prolifera uma cultura latente que necessita de revisão, de cuidados
e de incentivos. Mato Grosso adquire identidade própria, pela
produção do saber científico oriundo, principalmente,
das academias, mas também do seu povo participante dos lugares
vivos da memória coletiva, tão bem selecionados por Póvoas.
Desta forma, a História da Cultura mato-grossense vivifica a
tradição e abre-se para as infinitas possibilidades de
releituras do arquivo. Não é só uma fonte historiográfica,
mas um convite à abrangência do olhar para além
do “estrangeiro”, para se chegar à sensação
de estar de todo mergulhado em diferentes esferas da validade histórica
do sentido das concepções, revendo-as em novas perspectivas.
|