Quando a gente olha que a bola de neve está rolando a nosso favor, e a gente percebe que a coisa não é assim mesmo, um pedaço de decepção abstrai nossa energia e a gente se sente meio acometido pela indiferença diária das pessoas que nos cercam e cerceiam aos poucos a nossa etérea liberdade, eterna libélula a repousar na relva toda a sua sabedoria.

(Luiz Renato, Cardápio Poético)


Amar
Verbo
Que pede
Objeto
Ereto.

(Luiz Renato, Saco de gato)

O pai dela
Delegava na cidade
Degolava cidadãos
Engomava os cárceres
Versejando sempre
Esculpia poemas concretos
A ferros quentes
Me sinto um pássaro
Levo no bico a
Indiferença espiritual
Alimento o orgânico
Tudo mecânico beibi
Sou prisioneiro
Do me dê forma!

(Luiz Renato, Ao portador)