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A maldade em cada poeta
A maldade em cada poeta
É um olhar que inquieta
As almas retas
Caninas almas pretas
Mascam um osso de dias
Babando farpas
Como pequenas alegrias
Translúcidas
Vagam perdidas
Como cruzes lunares
Num sonho
De beatas raquíticas.
Avessas gemem lamentos,
Suspiram pequenas invejas,
Verdes ventos,
Ácido
A esburaquear o espírito.
Esse náufrago descabelado,
Sedento
Morto-vivo
No sal das dores
Curtido
Ambulante
Expositor de vísceras
Trançando com tiras
Dessa epiderme crua
Amarga armadura nua
De palavras esfarrapadas,
Feridas uivando abismos,
Na noite branca da página
(Juliano Moreno, Vôte! Nº 5, 2001)
Gritar flores sobre lagos ácidos...
É enegrecer rostos pálidos.
Olhos de prata refletem inexatos delírios
Imagens sobre pequenas penteadeiras.
Mortas varejeiras visitam
Nauseabundos coveiros em janeiro.
Numa paz infinita formigas alimentam-se dos restos vulgares.
Versos latem vermes.
O poema é de pedra.
O poeta, reles relva.
A poesia, um sorriso louco e cínico
Que antecipa a morte.
(Juliano Moreno, Devaneios Poéticos – Flamp 93)
O entardecer do poeta sobre a cidade
Escrevo e as harpias
Me cravam n’olho agulhas
Se seu vôo traidor;
Me roubam a noite
Dessa minha noite interior,
Me lançam no caos
Entre cães
Do prazer e da dor:
Desfibram meu peito,
Cosendo
Com a epiderme destecida
O entardecer;
Que enferruja as juntas,
Consome as coisas vivas,
Amarelece a alma vadia,
Diluída no silêncio
Engasgado da má hora,
No sexo curvado
Diante da rocha fria,
Na pele que sobra
Na boca de presas caídas.
A vida aterrorizada
Se esconde na cidade fria.
(Juliano Moreno, Vôte! Nº 2, 1998)
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