O fluxo de caixa em operações financeiras é muito importante.
Em alguns exemplos tomados anteriormente o fluxo de caixa foi simples, pois
foram somente uma entra e uma saída de capital, a única coisa que mudou foi o tempo
de aplicação (diário, semanal, mensal, etc.). O que queremos investigar agora é
quando o fluxo de caixa possui mais de uma aplicação ou recebimento com certa
periodicidade, tais como, pagamento de juros e prestações, interpretar e
compreender estes resultados e como eles podem nos ajudar no dia a dia.
Uma anuidade, diferentemente do que o nome pode sugerir, não
é exatamente um valor capitalizado uma vez ao ano. Imagine a situação onde você
todo mês faz um depósito em uma caderneta de poupança. Diferentemente do valor
futuro apresentado anteriormente, ao invés de um pagamento único capitalizado por
um período de tempo, agora, temos vários depósitos onde cada um é capitalizado conforme
os depósitos vão ocorrendo.
100 100 100 100 100 100
0
1 2 3
4 5 6 VF=615,20
Figura 1
Observe a seguinte tabela:
N
|
Início
Período |
Juro |
Parcela
|
Final
Período |
1 |
0,00 |
0,00 |
100,00 |
100,00 |
2 |
100,00 |
1,00 |
100,00 |
201,00 |
3 |
201,00 |
2,01 |
100,00 |
303,01 |
4 |
303,01 |
3,03 |
100,00 |
406,04 |
5 |
406,04 |
4,06 |
100,00 |
510,10 |
6 |
510,10 |
5,10 |
100,00 |
615,20 |
No período 1, você deposita R$100. No inicio do período 2, os R$100 recebem 1% de juros e você deposita mais R$100
(R$100*1,01 + R$100 = R$201). No inicio do período 3,
você recebe 1% de juros sobre R$201 e deposita mais R$100 (R$201*1,01 + R$100 =
R$303,01). O processo se repete até o período 6 onde
terminamos com um valor capitalizado de R$615,20. Verifique que a última
parcela não teve o acréscimo de juros (Figura 1), esse caso é chamado de termos
vencidos onde a primeira parcela não é aplicada “hoje” (momento 0).
Este processo pode ser resumido utilizando a função VF: =VF(Taxa;NPER;PGTO)
=VF(1%;6;-100) Resultando 615,20
Observe que desta vez utilizamos o argumento PGTO ao invés
do argumento VP. Isto ocorre porque desta vez estamos observando uma série de
pagamentos e não um único pagamento inicial.
Se o primeiro depósito fosse feito hoje, isto é no momento
zero, o fluxo seria conforme figura abaixo.
100 100 100 100 100 100
0
1 2 3
4 5
6 VF=621,35
Figura 2
Observe a tabela
N
|
Início
Período |
Parcela |
Total |
Juro |
Final
Período |
0 |
0,00 |
100,00 |
100,00 |
1,00 |
101,00 |
1 |
101,00 |
100,00 |
201,00 |
2,01 |
203,01 |
2 |
203,01 |
100,00 |
303,01 |
3,03 |
306,04 |
3 |
306,04 |
100,00 |
406,04 |
4,06 |
410,10 |
4 |
410,10 |
100,00 |
510,10 |
5,10 |
515,20 |
5 |
515,20 |
100,00 |
615,20 |
6,15 |
621,35 |
Desta forma, R$100 recebe 1% de juros e no mês seguinte é
somado ao novo depósito de R$100. Ao resultado desta soma adicionamos 1% de juros
(R$101+R$100)*1,01. O processo continua até o final.
Quando a primeira parcela é paga a vista chamamos de termos
antecipados.
Na planilha, utilizamos o último argumento da função VF para
solucionar tal questão:
=VF(taxa;NPER;PGTO;0;1)
Neste caso, o ultimo argumento é 1.
Quando o argumento é deixado em branco ele é definido como zero. Se o argumento
não for definido (em branco) ou for zero, então, a capitalização ocorre no
final do período do depósito.
1.
Você decide fazer um depósito mensal pelos próximos
20 anos no montante de R$100. Se a taxa efetiva mensal é de 0,8% e será
constante por 20 anos, quanto você terá resgatado no final de 240 meses?
2.
Você resolve fazer uma poupança para seu filho
que acabara de nascer. Supondo que o resgate ocorrerá no 18o aniversário
dele, se os depósitos são mensais de R$200, quanto a
poupança terá acumulado se a taxa é fixa e esta cotada em 0,5% ao mês?
3.
Você resgata R$50.000 após 48 meses de
investimento. Sabendo que a taxa aplicada foi de 1% ao mês, quanto você
investiu mensalmente neste fundo?
Este problema envolve uma questão ligeiramente diferente do
que foi discutido. Desta vez, você tem o valor futuro da anuidade e deseja saber
o valor dos depósitos. O valor de cada depósito é o pagamento que você fez para
o fundo de investimento. Para resolver o problema usamos a função PGTO:
O valor presente de uma anuidade é exatamente o inverso do
exercício anterior. Supondo que você queira retirar R$500,00 mensalmente por quatro
anos. Qual o valor que deve ser depositado hoje em uma Instituição financeira
que paga juros de 1% ao mês para usufruir destas retiradas:
Este é um conceito muito importante da área financeira,
principalmente para planejamento. Se você tem uma série fixa de pagamentos para
efetuar em um período X, você pode facilmente calcular quanto é necessário, hoje,
para assegurar todos os pagamentos tendo em vista uma taxa i de juros.
O exemplo acima é resolvido na planilha utilizando a função VP: VP(taxa;NPER;PGTO;VF;tipo)
=VP(1%;48;-500;0;0)
Resultando R$
18.986,98
Assim como no caso do Valor Futuro, o Valor Presente pode
ser retirado logo de início. Neste caso, precisamos passar o último argumento
da função para 1:
=VP(1%;48;-500;0;1)
Desta vez o valor inicial do investimento é de R$ 19.176,85.
1. Você deseja
se aposentar, hoje, e efetuar retiradas mensais de R$2.000 por 20 anos. Quanto
você necessitaria ter hoje, se a taxa de juros sobre tal fundo é de 0,5% ao
mês?
2. Se o valor presente
de uma anuidade é R$100.000; qual a retirada mensal máxima que você poderá
fazer por 15 anos sabendo que a taxa aplicada é de 0,85% ao mês?
Coloque esta pergunta no contexto da pergunta do tópico anterior
e temos uma situação inversa. Portanto, utilizaremos à função PGTO, mas para
valor presente ao invés de valor futuro:
Observe que este resultado é o cálculo de um empréstimo ou
prestação. Porém, geralmente nós recebemos o VP e pagamos o PGTO. Aqui, nós depositamos
o montante principal VP e o fundo nos paga cada PGTO durante a vida da
anuidade.
Usando o mesmo raciocino dos problemas anteriores, podemos
calcular a TAXA.
3. Tenho
disponível hoje uma quantia de R$200.000,00. Pretendo fazer retiradas mensais
de R$1.500,00 por 20 anos qual a taxa mínima que devo aplicar meu dinheiro para
garantir essas retiradas?
Esse é um problema que envolve a função taxa, na planilha
temos: TAXA(NPER;PGTO;VP;VF;Tipo;Estimativa)
Em problemas que envolvem taxa, devemos ficar atento ao
fluxo de caixa, pois se o VP for positivo (entrada de caixa) as retiradas PGTO
devem ser negativas (saída de caixa). A estimativa só deve ser colocada se a
planilha não convergir para a taxa esperada.
4. Uma loja de
Eletrodomésticos anuncia a venda de uma TV no valor de R$3.500,00 a vista ou em
24 (1+23) parcelas iguais a R$229,99. Qual a taxa cobrada pela Loja?
Como a primeira parcela é paga a viste, temos um problema de
termos antecipados, basta colocar 1 no final.
TAXA(24;-229,99;3500;0;1)