Para iniciar é necessário que você compreenda algumas partes
essenciais quando o assunto é função financeira na planilha eletrônica.
As partes que considero importantes no quesito funções
financeiras são:
• Por que os valores são negativos?
• Como a planilha lida com percentuais?
• Quais os componentes de um cálculo financeiro e a relação entre
eles?
Existem outros pontos que passarão a ter um peso maior em
seus cálculos diários, porém, estes três primeiros pontos servirão de alicerce
para o desenvolvimento correto de fórmulas financeiras.
O primeiro é importante porque você precisa saber em que
direção o dinheiro flui, isto é, você está recebendo ou pagando algo.
O segundo diz respeito à
base utilizada pela planilha para reconhecer o percentual digitado em uma
célula. Os iniciantes em planilha eletrônica tendem a encontrar “erros” tipo
arredondamento incorretos de percentuais, percentual formatado incorretamente,
etc. Tais “erros” ocorrem pela falta de conhecimento das bases centesimais e
unitárias na representação de um valor percentual.
O terceiro ponto mostra
a relação entre os componentes do cálculo financeiro tais como taxa e período. A
planilha apenas fornece uma função que executa uma fórmula predeterminada. Todo
o trabalho de raciocínio recai sobre o usuário. Se misturarmos taxas com
períodos que não casam com a forma de cotação, estaremos nos colocando em uma
posição bem desconfortável.
É importante que você saiba o básico da matemática e
matemática financeira. Se você não tem este conhecimento poderá surgir algumas
dúvidas.
De modo geral, quando calculamos o valor presente ou valor
futuro de um bem financeiro qualquer não nos preocupamos com sinais. Apenas
aplicamos a fórmula e obtemos o resultado desejado.
Na área financeira existem convenções que definem como os
fluxos de caixa devem ser vistos. Por exemplo, se você resolve comprar algum
bem e financiá-lo; então, o dinheiro do financiamento é um valor positivo
entrando em seu caixa. Cada prestação que você paga pelo empréstimo é um fluxo
negativo em seu caixa.
O inverso é verdadeiro para a financiadora. Ao emprestar uma
quantia para financiar o seu bem, o dinheiro flui negativamente do caixa da
financiadora. Por outro lado, cada prestação que você paga é um fluxo positivo
no caixa da financiadora.
Esta convenção é importante, pois precisamos saber em que
direção o dinheiro está fluindo. Se você deixasse de pagar as prestações do
financiamento a financiadora teria um balanço negativo, pois o dinheiro deixou
de ser pago, em outras palavras, o dinheiro deixa de fluir como ele deveria.
A planilha utiliza estas convenções para retornar os valores
calculados em diversas funções.
Vejamos um exemplo:
a) Você resolve financiar R$10.000,00 para pagar em 24
parcelas, a Financeira cobra 2,5% ao mês para dispor desse recurso.
Temos o seguinte fluxo de caixa:
Se você pegou emprestado os R$10.000,00 o fluxo do
empréstimo é positivo e os 24 pagamentos são negativos, do ponto de vista da
financeira os valores são ao contrário.
Primeiro o dinheiro sai do caixa da financiadora (-) e entra
em seu caixa (+) como mostra a seta na figura. Após o fechamento do contrato, o
dinheiro começa a fluir de seu caixa (-) para o caixa da financiadora (+).
Se do seu ponto de vista não faz diferença na forma como os
valores são representados, observe que do ponto de vista da financiadora isso é
crucial. Observe que ao ter um fluxo negativo de R$10.000,00 a financiadora
espera fluxos positivos de R$ 559,13 por 24 meses. Se em algum ponto os fluxos forem
interrompidos, a financiadora cumpriu com a obrigação dela logo de início,
pagando os R$10.000 a você, mas você deixou de cumprir com a sua obrigação a
partir deste ponto. A interrupção deste fluxo de caixa é a inadimplência que
você certamente já ouviu falar.
Agora, coloque-se no lugar da financiadora. Se você
esperasse um fluxo positivo de R$559,23 todo mês e de repente ele parasse de
entrar, o que você faria? Certamente, você teria que encontrar uma forma de
cobrir esta repentina quebra no fluxo.
Embora o exemplo seja simples, ele serve para ilustrar a importância
da definição correta dos fluxos de caixa, isto em, quem paga é quem recebe. E
quem paga quando e recebe quando.
Uma questão que pode parecer óbvia, mas que muitos, erram
diz respeito aos percentuais. Os valores percentuais podem ser escritos na
formas, centesimal e unitária. Quando os valores são escritos na forma
centesimal, precisamos nos atentar para o fato de que 5% é,
na verdade, 5/100 ou 0,05 na forma unitária.
Quando falamos da forma centesimal o sinal % é utilizado
para indicar o montante em percentual.
A planilha trabalha com as duas formas e precisamos saber
como ele reconhece cada uma. Ao entrar um valor percentual em uma célula você
pode entrar com o sinal % ou sem ele. Observe a figura abaixo:
Na célula A1 temos o valor 10% e na célula B1 o valor 10.
Enquanto o primeiro encontra-se na forma centesimal (com o sinal %) o segundo
encontra-se na forma unitária. Embora os valores possam aparentar a mesma
coisa, eles não são. Na forma unitária o valor 10 representa 1000% na forma
centesimal. Isto ocorre porque os valores devem ser representados por cada
cem unidades ou por cento.
Assim sendo, para que B1 possa representar 10% o valor na
célula deve ser 0,1. Ao formatar este valor unitário para a forma centesimal
ele será mostrado como vista na célula A1 da figura anterior. Isso gera um novo
problema quando o assunto é arredondamento de percentuais.
A próxima questão diz respeito ao arredondamento de percentuais
e decimais. Para arredondar R$10,4567 para duas casas
decimais iniciamos da direita para a esquerda e arredondamos para R$10,46.
E se o valor fosse cotado em percentuais, isto é, 10,4567%? Como arredondá-lo? Como reconhecemos 4567 como
sendo a parte “decimal” deste percentual, utilizamos o mesmo processo. Porém, a
planilha não é capaz de fazer esta distinção visual que fazemos. Para a
planilha, o valor 10,4567% é tratado visualmente na
forma centesimal e internamente na forma unitária. Portanto, ao tentar
arredondar o valor acima para duas casas decimais você obterá o seguinte
resultado:
Para a planilha, o que deve ser arredondado é 0,104567 (o equivalente a 10,4567% na forma centesimal).
Arredonde este valor para duas casas decimais e você obtém 10%
ou 0,1. Para se fazer o arredondamento corretamente, você precisa
adicionar duas casas ao arredondamento desejado na forma unitária.
Neste caso, você precisa arredondar para 4
casas decimais para obter o resultado desejado:
Para mostrar o percentual por completo, ele teria que ser
arredondado para 6 casas.
Finalmente, observe que arredondamento não é a mesma coisa
que formatação para n casas decimais. Ao arredondar para 6 casas e formatar para 2 casas o valor utilizado em
cálculos futuros é o do arredondamento, não o da formatação.
O arredondamento é para quatro casas e a formatação é
percentual com 4 casas. Já a figura abaixo mostra um
arredondamento para 4 casas e formatação para 2 casas:
Estas são diferenças sutis, mas que podem provocar grande
confusão e problemas sérios nos cálculos.