ALTA
DISPONIBILIDADE EM REDE DE COMPUTADORES
Camilo Araújo
camillo@unemat.br
Resumo. Este artigo faz uma
breve descrição sobre segurança em sistemas de
informação e apresenta aspectos relacionados com a
Alta Disponibilidade (High Availability) em
servidores de redes de computadores.
1. Segurança
Segurança - certamente esse é
um tema muito explorado e tem sido objeto do
estudo de diversos trabalhos científicos. Mas qual
a importância da segurança, mais especificamente
em sistemas computacionais? Atualmente o mundo dos
negócios, das grandes corporações e dos órgãos
governamentais está diretamente ligado à troca de
informações. Grandes volumes de informações são
trocados e a velocidade com que isso acontece deve
ser muito alta, devido ao elevado número de
atualizações que essas informações sofrem.
Essas informações podem ser
transmitidas com maior eficiência através dos
meios computacionais, pelas redes locais, as Lans,
pelas Wans e uma parcela pela internet.
Considerando a questão da
segurança, como seria possível garantir a
integridade e a entrega em tempo hábil dessas
informações se elas irão trafegar principalmente
por um meio público? Os meios de assegurar a
integridade e o sigilo das informações são
variados, dentre os recursos disponíveis esta a
criptografia ou sistemas de autenticação para
transferência de dados, mas não detalharemos sobre
esses conceitos.
Utiliza-se a criptografia e
todos os outros sistemas para garantir a segurança
dos dados. Mas e a garantia de que tudo vai estar
funcionando no tempo certo e na hora em que for
preciso? Aí entra o tema principal desse artigo, a
Alta Disponibilidade (AD).
2. Disponibilidade
A Disponibilidade é definida
como sendo a probabilidade de um sistema estar
disponível (em perfeito funcionamento) em dado
momento [Vigliazzi]. Um sistema possui um período
de missão, no qual ele deve desempenhar suas
funções sem interrupção. Usuário é aquele que
trabalha diretamente com o sistema, é o seu
serviço. Missão é justamente o período em que o
sistema deverá estar cem por cento disponível ao
usuário [Conectiva].
A diferença entre missão e
disponibilidade é que missão leva em consideração
apenas o período de funcionamento, despreza-se o
período de manutenção e atualização, já o período
de disponibilidade leva em conta também esse
período.
Uma farmácia funciona das 8
horas às 22 horas. Esse será o período de missão
do sistema de vendas da farmácia. Nesse período o
sistema não pode apresentar nenhum defeito visível
ao vendedor da farmácia, que é o usuário do
sistema. Uma outra farmácia funciona 24 horas por
dia. Esse será o período de missão do sistema de
vendas dela. Ou seja, o sistema não vai poder
parar nunca. Ele deve estar sempre “disponível”.
A disponibilidade de um sistema
é medida de acordo com o tempo em que ele fica
disponível, em pleno funcionamento. Ela pode ser
classificada em três tipos: Básica – o sistema
deve ficar 99% do tempo disponível, isto equivale
ficar indisponível de 9 horas a 4 dias em um ano;
Alta – o sistema deve ficar de 99,99% a 99,9999%
do tempo ou mais disponível, isto equivale a ficar
indisponível de 5 minutos a 1 hora em um ano;
Contínua – 100% disponível, é um alvo a ser
alcançado pois atualmente por mais que se tente
aperfeiçoar para acrescentar noves aos 99% não se
consegue chegar aos 100% [Garcia]. Mais adiante
será detalhado porque isso ocorre.
3. Alta disponibilidade
Já foi detalhado um pouco sobre
os tipos de disponibilidade e vamos nos ater a
partir de agora à Alta Disponibilidade. Como foi
visto, Alta Disponibilidade é manter um sistema
99,99% ou mais do tempo em pleno funcionamento.
Um computador é composto de
vários componentes físicos como fonte de
alimentação, discos rígidos, memórias,
processadores, cabos entre outros componentes.
Esses dispositivos estão sujeitos a qualquer
momento apresentar falhas mecânicas ou sofrer
algum tipo de interferência eletromagnética, uma
corrente de alta tensão por perto, por exemplo ou
até mesmo interferência física, uma queda por
acidente que venha ocasionar algum problema que
comprometa seu funcionamento.
Em um primeiro momento, a
política de alta disponibilidade (se é que podemos
dizer assim) começa estabelecendo mecanismos que
previna e detecte esses problemas, os de nível
físico. Toda parte de segurança física dos
equipamentos e meios de transmissão devem ser
contempladas nesse plano. Posteriormente começa a
implementação no nível lógico, com o uso de
softwares que gerenciam mecanismos para oferecer
uma alta disponibilidade.
Em sistemas computacionais
existem falhas, erros e defeitos. Numa primeira
análise podemos até considerar que estamos falando
a mesma coisa. Mas para um melhor estudo e
implementação de sistemas de Alta Disponibilidade
será necessário definirmos do que se trata cada
um.
Falha – acontece a nível
físico, como uma queda de energia elétrica,
interferência eletromagnética, queima de uma fonte
de alimentação e outros problemas relacionados ao
hardware.
Erro – acontece ao nível
lógico, uma resposta errada de um programa por
causa de um bit trocado, por exemplo e quase
sempre é resultado de uma falha (nível físico).
Normalmente não é perceptível ao usuário.
Defeito – acontece ao nível do
usuário como travamentos, perda de dados etc.
Quase sempre é conseqüência de um erro, que por
sua vez vem de uma falha. [Conectiva]
O objetivo em implantar
sistemas de Alta Disponibilidade é justamente para
minimizar e mascarar os defeitos ao usuário. Pode
até ocorrer falha, ocasionando alguns erros, mas o
problema deve ser resolvido antes de causar um
defeito. Definindo melhor os termos pode-se
entender melhor como deve funcionar a AD.
Em sistemas de AD geralmente
utiliza-se computadores em clustering. Clustering
é a integração de múltiplos computadores (pc's ou
workstations) com múltiplos dispositivos de
armazenamento e conexões redundantes de modo a
assegurar alta disponibilidade e balanceamento de
carga.
Os clusters trabalham de uma
maneira a dividir serviços entre os equipamentos
participantes e também favorecer uma substituição
de determinada máquina se esta apresentar um
defeito. Além de conexões redundantes e múltiplos
dispositivos de armazenamentos, existem as fontes
redundantes que servem justamente para evitar
paradas em decorrência de uma flutuação de fonte
ou até queima, o que é relativamente comum
acontecer.
Pode-se mencionar ainda que
esse serviço de superação de falhas através da
substituição de sistemas ou equipamentos já se
encontrava disponível em mainframes mais antigos,
mas com o advento do clustering o custo de
aquisição de equipamentos correspondentes a um
mainframe se tornou 1/3 menor e o custo de
manutenção 1/10 menor, já que são menores e de
arquitetura mais simples [ATM]. Para se ter uma
idéia, um cluster pode ser montado com
computadores comuns, que usamos em casa e
encontramos em qualquer loja de informática sendo
necessário para isso apenas um sistema operacional
que contemple esse serviço e as configurações
necessárias.
3. Conclusão
Conclui-se então que sistemas
que buscam garantir a integridade e proteção da
informação através dos métodos de criptografia e
de outros mecanismos que estão diretamente ligados
à segurança são realmente importantes e
necessários ao atual mundo da informação.
Contudo é mais relevante ainda
se eles nos garantem tudo isso e ainda o máximo de
aproveitamento de recursos tanto financeiros
quanto humanos, através de uma fração de tempo
quase nula de paradas em decorrência de falhas ou
erros.
4. Referências Bibliográficas
- GARCIA, Sulamita. (2003)
“Montando um pequeno ambiente de Alta
Disponibilidade no Slackware”, http://ha.underlinux.com.br/,
Janeiro.
- Guia do Servidor Conectiva Linux
(2004) “Alta Disponibilidade”, http://www.conectiva.com/doc/livros/online/9.0/servidor/ha.html
- LOPES, Raquel V.; Sauvé, Jacques
P.; Nicolleti, Pedro S.; (2003) “Melhores Práticas
para Gerência de Redes e Computadores”, Campus, 2ª
reimpressão.
- NÓBREGA, Gustavo Franklin.
(2005) “Alta Disponibilidade”, http://www.firewalls.com.br/files/altadispMysql.pdf,
Agosto.
- STANGER, James; Lane, Patrick
T.; Danielyan, Edgar (2002) “Rede Segura Linux”,
Alta books, 1ª edição.
- VIGLIAZZI, Douglas. (2002) “Alta
Disponibilidade (High Availability) em sistemas
GNU/Linux”, http://www.vivaolinux.com.br/artigos/verArtigo.php?codigo=52,
Dezembro.
- ATM Informática. (2005)
“Servidores em Alta Disponibilidade”, http://www.atminformatica.pt/altadis.html,
Julho.
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