Sistemas de Amortização

 

Quando se contrai um empréstimo ou se recorre a um financiamento, evidentemente, o valor recebido nesta operação, ou seja, o principal terá que ser restituído à financeira, acrescido dos juros.

As formas de devolução do principal, mais juros são denominadas de Sistemas de Amortização. Os Sistemas de Amortização mais utilizados são:r

 

Sistema Francês de Amortização – PRICE

 

Este sistema também é conhecido como Sistema Price e é muito utilizado em todos os setores financeiros, principalmente nas compras a prazo de bens de consumo, através do crédito direto ao consumidor.

No Sistema Price, as prestações são iguais e sucessivas, onde cada prestação é composta por duas parcelas: juros e amortização do capital; cujo cálculo baseia-se numa série uniforme de pagamentos.

 

Situação problema

Calcular os valores das parcelas de juros e amortizações referentes a um empréstimo de R$ 1.000, pelo sistema PRICE, a uma taxa de 4 % a.m. e prazo de 10 meses.

Para calcular a prestação usamos a expressão , assim:

 

R = 1.000 .[0,04.(1+ 0,04)10 ] / [(1+ 0,04)10 -1] = 123,29

 

Os juros são calculados sempre sobre o saldo devedor:

 

J1 = 1.000 x 0,04 = 40 (e assim por diante

 

Amortização igual à prestação subtraído-se os juros: A = R – J.

 

n

Prestação

Juro

Amortização

Saldo Devedor

0

-

-

-

1.000,00

1

123,29

40,00

83,29

916,71

2

123,29

36,67

86,62

830,09

3

123,29

33,20

90,09

740,00

4

123,29

29,60

93,69

646,31

5

123,29

25,85

97,44

548,87

6

123,29

21,95

101,34

447,53

7

123,29

17,90

105,39

342,14

8

123,29

13,69

109,61

232,54

9

123,29

9,30

113,99

118,55

10

123,29

4,74

118,55

0,00

 

 

Sistema de Amortização Constante – SAC

 

Este sistema é muito utilizado em financiamentos internacionais de bancos de desenvolvimento e no sistema financeiro de habitação brasileiro, bem como em financiamentos de longos prazos.

 

As prestações do Sistema SAC são sucessivas e decrescentes em progressão aritmética, cujo valor de cada prestação é composto por uma parcela de juros e outra de amortização constante do capital.

 

Situação problema

Calcular os valores das parcelas de juros e amortizações referentes a um empréstimo de R$ 1.000, pelo sistema SAC, a uma taxa de 4 % a.m. e prazo de 10 meses.

 

Para calcular a amortização divide-se o valor financiado pelo numero de parcelas, assim no exemplo temos: A = 1.000 / 10 = 100

 

Os juros são calculados sobre o saldo devedor:

 

J1 = 10.000 x 0,04 = 400 (e assim por diante)

 

Prestação igual à soma da amortização e juros: R = A + J.

 

n

Prestação

Juro

Amortização

Saldo Devedor

0

-

-

-

1.000,00

1

140,00

40,00

100,00

900,00

2

136,00

36,00

100,00

800,00

3

132,00

32,00

100,00

700,00

4

128,00

28,00

100,00

600,00

5

124,00

24,00

100,00

500,00

6

120,00

20,00

100,00

400,00

7

116,00

16,00

100,00

300,00

8

112,00

12,00

100,00

200,00

9

108,00

8,00

100,00

100,00

10

104,00

4,00

100,00

0,00

 

Sistema de Amortização Misto (SAM)

 

Por este sistema, o devedor paga o empréstimo em prestações, tais que cada uma delas é a média aritmética entre os valores encontrados para as prestações do sistema PRICE e do SAC. E claro que isso implica que os juros, amortizações e saldos devedores no SAM, em cada período, também constituam cada um, a média aritmética entre juros, amortizações e saldos devedores dos sistemas PRICE e SAC. Mas na prática nem sempre é conveniente calcular esses valores dessa forma e apenas as prestações são calculadas como médias aritméticas.

 

Chamando de R a prestação do sistema PRICE e de P1, P2, ..., Pn as prestações do SAC, para calcular as prestações P’1, P’2   P’n do SAM, basta fazer:

 

Calculadas as prestações, o demonstrativo deve ser elaborado, como no sistema PRICE, linha por linha.

 

 

Sistema Americano de Amortização

 

Por este sistema, o devedor paga os juros periodicamente; o valor emprestado é pago no final do prazo estipulado para o empréstimo.

 

Chamando de PV o valor emprestado com a taxa de juros i, os juros pagos em cada período são iguais e calculados como:

 

J = PV . i

 

Terminado o prazo, o devedor, no último pagamento, além dos juros, salda o capital emprestado PV.

 

Observe-se que, por esse sistema, é indiferente que o regime de juros seja simples ou composto, pois, como os juros são pagos periodicamente, o saldo devedor é sempre o mesmo, o que não muda o valor básico para o cálculo dos juros.

 

Sistema de Pagamento Único

 

Este é o sistema mais simples e é muito utilizado para financiamentos industriais de capital de giro. O tomador simplesmente paga os juros e amortiza o principal no final do empréstimo.

Os juros cobrados poderão ser simples ou compostos, de acordo com o contrato estipulado.

 

Sistema de Juros Antecipados

 

Por este sistema, o devedor paga o total dos juros na data da liberação do empréstimo. Como no sistema anterior, os juros poderão ser simples ou compostos.

 

É claro que, se os juros são pagos antecipadamente, o valor liberado como empréstimo (empréstimo efetivo) não coincide com o solicitado pelo devedor, o que faz com que a taxa efetiva a que ele se obriga seja diferente da taxa nominal contratada. Com os juros pagos antecipadamente, apenas será paga no final a quantia solicitada como empréstimo.

 

Chamando de PV o valor efetivamente liberado (empréstimo efetivo) e de FV o pagamento final (empréstimo contratado) e supondo que o empréstimo seja feito à taxa i de juros simples e pelo prazo de n períodos, o valor liberado será:

 

PV = FV – FV . i . n

 

ou:

 

PV = FV.(1 – i.n)

 

O que corresponde ao valor solicitado deduzido com desconto comercial simples.

 

Para calcular a taxa efetiva ie paga pelo devedor, basta usar a equação do montante de juros simples considerando o empréstimo efetivo como VP e o empréstimo contratado como VF. Tem-se, então:

 

 

Se o empréstimo foi contratado com juros compostos, o valor liberado será:

 

PV = FV - (FV (1 + i)n - FV)

 


Juro em uma capitalização composta

 

ou:

 

PV = FV - FV(1 + i)n + FV

 

ou, ainda:          PV = FV(2 - (1 + i)n)

 

e a taxa efetiva será:    

 

A taxa efetiva é obtida isolando-se a taxa na equação do juro composto VF = VP(1+i)n

 

Situação problema

Considere-se um empréstimo de R$ 1.000,00, à taxa de 4% a.m. pelo prazo de dez meses. Se os juros são cobrados antecipadamente, calcular o valor liberado, o valor a ser pago no final do prazo e a taxa efetiva:

a)      para o regime de juros simples;

b)      para o regime de juros compostos.

 

Solução:

a)         PV = FV (1 - in) = 1.000 (1 - 0,04 x 10) = 600

 

 

Outra solução:

 

J = VP.i.n = 1.000 . 0,04 . 10 = 400 (juros antecipados)

 

1.000 - 400 = 600 (valor liberado)

 

VF = VP (1 + ie n) => 1.000 = 600(1+ie.10) => ie = 0,0666667= 6,66% a.m.

 

No caso de juro composto

b) PV = FV(2 - (1+i)n ) = 1.000(2 - (1+0,04)10) = 519,76

 

Taxa efetiva:

 

Outra solução:

 

VF = VP (1 + i)n = 1.000 (1 + 0,04)10 = 1.480,24

 

Juros = VF – VP = 1.480,24 - 1000 = 480,24 (juros antecipados)

 

Valor liberado => VP – J =1.000 – 480,24 = 519,76

 

Resposta:

a) No regime de juros simples, o valor liberado é R$ 600,00, o valor a ser pago no final é R$ 1.000,00 e a taxa efetiva que o devedor paga é 6,67% a.m.;

 

b) No regime de juros compostos, o valor liberado é R$ 519,76, o valor a ser pago no final é R$ 1.000,00 e a taxa efetiva que o devedor paga é 6,76% a.m.